Reflexões sobre o Voto de Cabresto na República Velha (1889 a 1930), eleições 2020 e a que virá em 2022 - A PANDEMIA VAI AUMENTAR O NÚMERO DOS QUE ENTRAM NO CABRESTO E ISSO AJUDA AOS PODEROSOS DA CORRUPÇÃO

 
 
O voto de cabresto foi um mecanismo de controle político muito usado pelos coronéis da República Velha para garantir a eleição de seus candidatos. Era uma forma de controle político e domínio de votos que tinha como base o poder econômico dos coronéis que comandavam o cenário político do período.
 

Esses coronéis existem hoje ainda, através dos grupos de pessoas que controlam a política nas cidades. São pessoas que não querem que a população tenha uma boa educação e não consigam bons empregos pois isso vai levar o povo a ter um voto mais crítico e consciente.


A expressão “voto de cabresto” é bastante curiosa, pois o voto é a maior expressão da democracia, enquanto o cabresto é um instrumento usado para controlar animais. Portanto, a expressão possui um significado contraditório entre a liberdade da democracia e o controle sobre o voto.

 

Este comportamento controlador foi uma das características mais marcantes do período da República Velha ou Primeira República do Brasil (1889 – 1930). As oligarquias de São Paulo e Minas Gerais controlaram o poder político do país, e as eleições foram marcadas por fraudes. Da chamada República Velha até hoje, o voto de cabresto está presente no processo eleitoral. 

 

A utilização da máquina pública em larga escala nas eleições, a compra de votos, o abuso de poder das autoridades políticas, o apoio financeiro de empresários para financiamento de campanha eleitoral de forma escondida, entre outros, podem ser considerados particularidades relevantes do voto de cabresto.


No século XXI, o voto de cabresto está vivo? 

A maior parte da população brasileira apresenta baixo nível de escolaridade. Conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2016, o Brasil ainda tinha cerca de 11,8 milhões de analfabetos, o que correspondia a 7,2% da população de 15 anos ou mais. Em 2016, a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD) informou que cerca de 51% da população brasileira de 25 anos ou mais tinham somente até o ensino fundamental completo. No caso do ensino médio, 26,3% desse grupo tinham completado esse nível de instrução. A taxa mais baixa estava localizada no ensino superior: 15,3% completaram a etapa.

 

Diante desta triste realidade do século atual, o brasileiro chegou a 2021, e provavelmente as estatísticas se elevarão durante a pandemia do Corona Vírus. Milhões de eleitores tornaram-se mais suscetíveis às compras de votos, ao voto de cabresto, às propostas clientelistas. Já passados mais de 30 anos do processo de redemocratização do Brasil, o voto pode valer um saco de cimento, uma camisa de time de futebol ou um engradado de cerveja. Tanto nas grandes cidades quanto no interior, a compra de votos e o voto de cabresto desafiam a democracia brasileira no século XXI.